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joana egypto + maura grimaldi
B I C A | joana egypto + maura grimaldi
O projeto “Bica”, de autoria de Joana Egypto e Maura Grimaldi, em colaboração com a instrumentista Maria do Mar, trata-se de uma pesquisa e criação para performance. Entendendo que todo o processo de criação envolve uma pesquisa simultânea, ou que pesquisar é criar e vice-versa, essa proposta prevê leituras, práticas corporais, práticas musicais de improviso, e experimentações fílmicas a partir de películas em 16mm e fotográficas em 135mm. A ideia é constituir uma obra com duração aproximada de 20 minutos onde as linguagens da dança, do cinema e da música se encontrem.
“Bica” surge como um desdobramento de um primeiro encontro ocorrido no primeiro semestre de 2021 em Lisboa entre as artistas proponentes. Tal experimentação resultou na participação e apresentação da performance “O corpo é quem te agarra” dentro da programação do Festival Circuito Lisboa, uma iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa para apoiar artistas e espaços culturais na cidade. Na altura, as artistas exploraram a temática das águas a partir da literatura e da história da arte, a fim de retomar questões relacionadas à sexualidade e à ecologia. Partindo do encontro com um importante sítio histórico de Lisboa, a bica da Rua da Bica, um ponto onde os marinheiros e trabalhadores utilizavam para repousar e lavar-se após jornadas laborais, Joana Egypto elaborou uma coreografia baseada no movimento das águas. Enquanto isso, Maura Grimaldi capturou imagens com sua câmera Krasnogorsk-3, da década de 1970, a partir da fonte de água e também de fragmentos do corpo e movimentação da performer Egypto. Ressalta-se nessas imagens a erupção que o movimento das águas provocou ao longo do tempo na pedra utilizada como reservatório, bem como as relações de analogia entre o corpo, a materialidade geológica, e o movimento fluído dos líquidos. Igualmente, faz-se notar a materialidade da película fílmica que contribui para a sensorialidade bruta da imagem registrada. Para acompanhar essas duas abordagens, de Maura e de Joana, sobre uma mesma temática, recuperou-se o texto de Clarice Lispector de 1973, “Água Viva”. Fragmentos do texto foram declamados durante a performance ocorrida no dia 04 de março de 2021 na Associação Cultural Valsa (Lisboa). Por fim, somou-se a esse trabalho colaborativo, a participação da violinista Maria do Mar com o seu arranjo improvisado a partir dos estímulos da coreografia e do vídeo apresentados.



